Subiu a cortina

Caro leitor,

Seja bem vindo ao mundo das cordas, madeiras e metais. Aqui você encontrará minhas impressões sobre diversos concertos de música erudita realizados na cidade do Rio de Janeiro. Também compartilhará dos meus devaneios sobre o mundo dos clássicos e algumas dicas de programas, filmes e discos. Só peço a cortesia de fazerem silêncio durante o concerto (e nada de ficar desembrulhando balinhas). Obrigada!

domingo, 4 de novembro de 2012

Caindo no samba com a OPES

25.VIII.2011 Há quem diga que uma orquestra sinfônica tocando samba não tem como dar certo, mas estão enganados. Alias, a OPES tem mostrado que uma orquestra é capaz de tocar praticamente qualquer coisa: música sacra barroca, samba, frevo, rock, tango e até música clássica! Nesta noite brazuca no Teatro Oi Casa Grande, o simpaticíssimo Maestro João Maurício Galindo se desdobrou em três funções: regente, mestre de bateria e professor (a segunda lhe custou as abotoaduras, que saíram voando). Saiu logo anunciando que o concerto seria comentado, fazendo a alegria desta espectadora que ADORA ter as obras explicadinhas pelos regentes ou pelos músicos. Chamando cada compositor pelo primeiro nome, o maestro conseguiu aproximar o público desses artistas e apurou a experiência do concerto como um todo. O coitado do Alberto (Nepomuceno) é que ficou na desvantagem, pois as cortinas do palco do Oi Casa Grande sugaram todo o seu som. Alias, onde foram parar os painéis que formavam uma espécie de concha e evitaram esse efeito nos concertos anteriores? Não dá pra tocar nesse teatro sem eles, pronto falei! Mesmo assim, o contraste de estilos entre o Adágio para cordas e o Batuque ficou bem claro, assim como a versatilidade do compositor. Eu gostaria de ouvir de novo em melhores condições... Uma noite de samba deve primar pela percussão e eu achei ótimo puxá-la pra frente do palco para tocar Samba em três movimentos do Radamés (isso mesmo, fiquei íntima e também vou chamar pelo primeiro nome). Nunca na história desse país se viu uma bateria de samba tão elegante e tão dura. Não sei se por medo de cair do palco (eles ficaram espremidos no cantinho, à frente dos violoncelos) ou se por excesso de concentração, os percussionistas mal se mexiam. O som que produziam, no entanto, era digno de uma boa noitada na Lapa. Pra chegar na quadra da Portela ainda falta um pouquinho... O melhor momento da noite, no entanto, foi certamente a Sinfonia Seconda "Carnevale" do Ernani Aguiar. O compositor (que estava presente e pareceu muito satisfeito com a execução da orquestra) dá um show de criatividade, ritmo, bom humor e delicadeza evocando a participação do público no último movimento. Eu nunca tinha cantado junto com uma sinfônica. Não sei se ficou bonito, mas que foi divertidíssimo, isso foi! Um bela homenagem ao Cyro Pereira encerrou a noite que equilibrou-se na fronteira entre o popular e o erudito da música brasileira mostrando bem a personalidade da Orquestra Petrobras Sinfônica. Chato, bobo e feio é o público que não compareceu em peso para um espetáculo que merecia uma casa lotada. Fica a dica para a administração da OPES: promoções do Imperdível e do Facebook parecem ter um efeito positivo na bilheteria. A gente adora um desconto!

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