Subiu a cortina

Caro leitor,

Seja bem vindo ao mundo das cordas, madeiras e metais. Aqui você encontrará minhas impressões sobre diversos concertos de música erudita realizados na cidade do Rio de Janeiro. Também compartilhará dos meus devaneios sobre o mundo dos clássicos e algumas dicas de programas, filmes e discos. Só peço a cortesia de fazerem silêncio durante o concerto (e nada de ficar desembrulhando balinhas). Obrigada!

domingo, 4 de novembro de 2012

Um dia de maratonista

28.XI.2011 Km 1 - Acordar às 8:30 num domingo de chuva, tomar banho e colocar um salto alto. Km 5 - Barra - Centro Km 9 - Festival BNDES de piano no Teatro Municipal com recital do Daniil Trifonov, que é a prova viva de que existe vida alienígena na Terra, pois humano nenhum seria capaz de tocar dessa forma. E o cara não é simplesmente bom (bom não, fantástico), ele ainda é expressivo e simpático! Km 13 - Choro no. 1 do dia: bis do Trifonov com uma valsa de Chopin que eu escuto desde meus cinco anos de idade. Voltei no tempo e vi aquela garotinha de tutu rosa, fazendo piruetas ao som do piano, acelerando cada vez mais até cair de tonta e ofegante, rindo a toa no chão da sala. Magia pura! Km 18 - Lançamento do novo livro da dupla João Luiz Sampaio e Luciana Medeiros: "Guiomar Novaes do Brasil". O livro é lindo, de capa dura, com várias fotos e réplicas de documentos importantes da carreira da pianista e com aquele cheirinho de livro novo recém saído da gráfica. Hummmmmmm... Ainda ganhei dois simpáticos autógrafos, abraços e beijinhos dos autores! A julgar pela biografia do Antonio Meneses, também escrita pela dupla, esse livro (que ainda por cima é bilíngue) tem tudo para ser um delicioso relato da vida desta importante artista brasileira. Km 22 - Almoço no Nova Capela com direito ao segundo melhor bolinho de bacalhau do Rio de Janeiro (o primeiro lugar, na minha modesta opinião, ainda é o charutinho do Flor de Coimbra) e o melhor cabrito assado do mundo!!! Baterias recarregadas para a próxima etapa (ainda bem que não era uma maratona de verdade porque eu teria saído rolando). Km 28 - Palestra sobre a ópera "Amor de três laranjas" com o maestro Silvio Viegas. Alias, palestra é um termo muito formal. Ele mais contou histórias: (1) História da vida do compositor Sergei Prokofiev, (2) o conto original de "amor por três laranjas", (3) a história do libreto que é uma loucura. Assistir à palestra me poupou o trabalho de ter que estudar a obra sozinha. Foi muito mais divertido assim e muito mais eficiente. Entrei na grande sala já com alguma ideia do que esperar e confesso que estava ansiosa e um pouco desconfiada se ia ou não dar certo... Km 33 - Ópera "Amor de três laranjas" e encerramento da temporada da Orquestra Petrobras Sinfônica no Teatro Municipal (again...) com regência do Isaac Karabtchevsky (um dia vou conseguir escrever esse nome sem precisar checar a grafia no Google). Orquestra grandona, som maravilhoso, adereços eficazes, figurinos coloridos, bruxas, magos, demônios, reis, príncipes, princesas encantadas, feitiços, duelos e um final feliz. Bravo! A música criou o clima, comandou a ação, intensificou as emoções e resultou no fascínio da plateia pelos personagens e pela trama que se desenrolava naquele pequeno trecho do palco. Troféu-personagem para a cozinheira barítona que me deu medo e me fez rir em um espaço de tempo de 3 minutos. Foi uma forma original e ousada de terminar o ano (calou a minha boca pois eu estava justamente comentando que preferiria uma sinfonia do Beethoven... tolinha eu...) e nada mais condizente com a OPES 2011. A palavra chave desta temporada, na minha opinião, foi versatilidade! Adorei passar o ano com essa orquestra maravilhosa que soube me reconquistar a cada espetáculo, sem cair na rotina. Desta forma, teremos um longo casamento... Agradeço a dedicação desses profissionais que me proporcionaram tantas alegrias nesses meses todos. Obrigada, bom descanso e voltem logo! Estaremos juntos novamente em 2012 (liberem logo a programação porque eu já estou oficialmente sofrendo de abstinência). Km 38 - Concerto de encerramento do 49o Festival Villa Lobos no Jardim Botânico com o quinteto Art Metal e Guinga. Que combinação! O clima não poderia estar melhor: piadinhas, troca de gentilezas e uma sonoridade de dar gosto! Eu não poderia ter escolhido um final mais feliz para um dia tão especial. Km 40 - Choro no. 2 do dia: Eu já sabia que o Art Metal tocava um senhor Villa-Lobos, mas a versão deles para o prelúdio da Bachiana no. 4 foi uma covardia com meu pobre coração que não estava esperando essa carga de emoção. Antes mesmo da primeira nota meus olhos já estavam se enchendo de água e os momentos que se seguiram foram a mais pura catarse, daquelas que nos desestruturam completamente para que a gente possa se renovar e se reerguer com mais força e energia. Bem, as obras começam amanhã porque o choque foi forte e eu ainda estou em escombros. Km 42 - Linha de chegada. Amigos, vinhos e chocolates. Medalha de ouro para o domingo e o prêmio é ter a segunda-feira de folga. Acho que passarei o dia em silêncio...

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