OSB e consumo consciente

15.III.2011 O consumo consciente não é uma prática fácil. Ela demanda que o consumidor esteja bem informado sobre os produtos que escolhe adquirir, que tenha uma firme convicção das escolhas éticas que deve tomar e que esteja preparado a sacrificar o seu desejo em prol de um benefício maior. Num momento histórico onde somos bombardeados todos os dias por centenas de opções de produtos, serviços e marcas, é nosso dever como cidadãos selecionar aquelas instituições que queremos apoiar com o nosso dinheiro e nossa divulgação. Todos somos formadores de opinião nos nossos círculos de convívio (alguns maiores que outros) e o que vestimos, o que comemos, lugares que frequentamos, serviços que contratamos etc dizem muito sobre quem somos. Nossas escolhas nos dão o poder de selecionar os componentes da sociedade do futuro. Pessoalmente, busco sempre apoiar causas, empresas, grupos que julgo serem de qualidade. Por "qualidade" não estou me referindo apenas às características técnicas, mas também aos cuidados por traz do produto final relativos à saúde, meio ambiente e justiça social. De nada adianta uma bela camiseta se ela foi produzida com algodão transgênico plantado sobre florestas desmatadas, usando mão de obra infantil e estocado de forma inadequada. Não quero essa marca sobre meu peito! Essa prática já me levou a cortar itens da minha vida que me eram muito queridos: marcas de calçados, roupas, cosméticos, alimentos, restaurantes, lojas, supermercados... Muitas vezes pago mais caro e lamento a perda, mas durmo com a mente tranquila de quem está contribuindo, da sua forma, para a transformação social. Hoje, optei por mais um corte: a OSB. Aqueles que me conhecem, mesmo que superficialmente, sabem o quanto isso me dói. Sou fã da orquestra e assinante há anos. Acompanho a evolução do grupo e lamentarei muito perder a temporada 2011. No entanto, não quero mais contribuir para essa entidade porque não estou de acordo com a postura que a diretoria adotou nos últimos meses. Sou contra o desrespeito ao público, aos funcionários e aos estudantes que tem sido demonstrado. Não acredito que música de qualidade possa ser produzida em uma atmosfera de medo, intimidação e insegurança. Apoio iniciativas em gestão compartilhada e investimentos de longo prazo em recursos humanos. Exijo respeito às leis trabalhistas brasileiras e aos princípios éticos e morais estabelecidos pela nossa sociedade. Não tolero o uso da mão de obra estudantil sem finalidade didático-pedagógica. Acima de tudo, desejo apoiar entidades que demonstram sensibilidade humana e civilidade nas suas ações. A OSB tem falhado em vários quesitos. Citando apenas alguns exemplos: - atrasou a divulgação da programação 2011 para o público enquanto demais orquestras (ex: OPES e OSESP) já colocaram suas séries a venda há meses. - agendou a primeira apresentação da orquestra profissional apenas para agosto, um intervalo de oito meses sem apresentações desses músicos, sem aviso prévio aos músicos ou ao público. - marcou um número excessivo de concertos usando os membros da orquestra jovem, sem remuneração adicional aos músicos estudantis, expondo-os a um ritmo de trabalho incompatível com os propósitos educacionais do grupo. - faltou com transparência com os funcionários da orquestra e com o público em relação a um processo de avaliação interna imposta a todos os funcionários (com exceção do maestro!) e a um programa de demissão voluntária. - não se manifestou de forma satisfatória diante da provocação midiática das últimas semanas e se negou a dialogar com os próprios músicos em reuniões formais. - não ofereceu nenhuma explicação oficial aos assinantes para os conflitos expostos na mídia, o que gera uma insegurança no consumidor. - está bombardeando os assinantes com cartas de “lembretes” do período de compras das assinaturas. - não respondeu a um questionamento feito pelos canais oferecidos aos clientes, relativo aos riscos de cancelamento da temporada 2011 diante da possibilidade de demissão em massa dos músicos que formam a orquestra. Hoje é o dia internacional dos direitos do consumidor. Portanto, me dou o direito de escolher. Escolho apoiar instituições que promovem a harmonia e o equilíbrio na sua música. Espero poder voltar à OSB na temporada de 2012.