Subiu a cortina

Caro leitor,

Seja bem vindo ao mundo das cordas, madeiras e metais. Aqui você encontrará minhas impressões sobre diversos concertos de música erudita realizados na cidade do Rio de Janeiro. Também compartilhará dos meus devaneios sobre o mundo dos clássicos e algumas dicas de programas, filmes e discos. Só peço a cortesia de fazerem silêncio durante o concerto (e nada de ficar desembrulhando balinhas). Obrigada!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Quatro vezes Villa


Lamentavelmente, não pude ir à estréia do Festival Villa-Lobos 2012 no dia 09 de novembro, com direito a Hugo Pilger tocando o violoncelo do próprio Heitor. Hoje, portanto, foi a minha estréia no Festival que vai até dia 25 com uma programação de cair o queixo. Para compensar meu atraso, parti logo para a overdose: Quinteto Villa-Lobos tocando obras do Heitor Villa-Lobos no Museu Villa-Lobos como parte da programação do Festival Villa-Lobos. Mas não deu pra cansar não. Alias, muito pelo contrário, quero mais!

O célebre quinteto, composto apenas de craques, se desmembrou em um trio (fagote, oboé e clarineta) e dois duos (flauta/clarineta e flauta/fagote), além de tocar na sua formação tradicional. A chuva lá fora tentou acompanhar o ritmo, mas ficou de língua de fora. Já eu, fiquei encantada com a riqueza do repertório e com o entrosamento do grupo em todas as peças. Durante o intervalo entre as obras, algumas falas sobre a música e o compositor deram um tempero a mais ao banquete. 

O trio abriu os trabalhos com um movimento realmente muito "animé". Em um trecho inicial, fiquei impressionada com a potência do fagote (Aloysio Fagerlande) que poderia muito bem substituir um tímpano com "batidas" bem marcadas. Em seguida, os instrumentos pareciam estar de picuinha uns com os outros, reproduzindo um "lero-lero" que brincadeira de criança. O último movimento já foi bem mais tenso, deixando a platéia na expectativa de que algo iria acontecer como se fosse um filme de suspense. 

Não sei se foi a tensão acumulada do trio mas, quando o fagote e a flauta (Rubem Schuenck) começaram a tocar a Ária-Choro das Bachianas no. 6, veio aquele arrepio lá da pontinha do dedo mindinho do pé até o último fio de cabelo empurrando algumas lágrimas para fora. Já o Choros no. 2 me deixou completamente sem fôlego só de tentar acompanhar mentalmente o que a flauta e a clarineta (Paulo Sérgio Santos) estavam falando. 

A "pièce de résistance", o Quinteto em Forma de Choros, não é uma peça fácil nem pros músicos e nem para o público. Já tinha escutado uma gravação (não lembro dos intérpretes) e não tinha gostado. Depois de hoje, fui obrigada a mudar de opinião (adoro quando isso acontece!). Oboé (Luis Carlos Justi) e clarineta, em especial, se destacaram enquanto a trompa (Phillip Doyle) arredondava e aveludava o conjunto. 

Nada de bis, mas o Festival continua e o quinteto ainda tem outras apresentações agendadas este mês. Pelo jeito, vai faltar espaço na minha agenda!

Nenhum comentário:

Postar um comentário