O célebre quinteto, composto apenas de craques, se desmembrou em um trio (fagote, oboé e clarineta) e dois duos (flauta/clarineta e flauta/fagote), além de tocar na sua formação tradicional. A chuva lá fora tentou acompanhar o ritmo, mas ficou de língua de fora. Já eu, fiquei encantada com a riqueza do repertório e com o entrosamento do grupo em todas as peças. Durante o intervalo entre as obras, algumas falas sobre a música e o compositor deram um tempero a mais ao banquete.
O trio abriu os trabalhos com um movimento realmente muito "animé". Em um trecho inicial, fiquei impressionada com a potência do fagote (Aloysio Fagerlande) que poderia muito bem substituir um tímpano com "batidas" bem marcadas. Em seguida, os instrumentos pareciam estar de picuinha uns com os outros, reproduzindo um "lero-lero" que brincadeira de criança. O último movimento já foi bem mais tenso, deixando a platéia na expectativa de que algo iria acontecer como se fosse um filme de suspense.
Não sei se foi a tensão acumulada do trio mas, quando o fagote e a flauta (Rubem Schuenck) começaram a tocar a Ária-Choro das Bachianas no. 6, veio aquele arrepio lá da pontinha do dedo mindinho do pé até o último fio de cabelo empurrando algumas lágrimas para fora. Já o Choros no. 2 me deixou completamente sem fôlego só de tentar acompanhar mentalmente o que a flauta e a clarineta (Paulo Sérgio Santos) estavam falando.
A "pièce de résistance", o Quinteto em Forma de Choros, não é uma peça fácil nem pros músicos e nem para o público. Já tinha escutado uma gravação (não lembro dos intérpretes) e não tinha gostado. Depois de hoje, fui obrigada a mudar de opinião (adoro quando isso acontece!). Oboé (Luis Carlos Justi) e clarineta, em especial, se destacaram enquanto a trompa (Phillip Doyle) arredondava e aveludava o conjunto.
Nada de bis, mas o Festival continua e o quinteto ainda tem outras apresentações agendadas este mês. Pelo jeito, vai faltar espaço na minha agenda!
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