Subiu a cortina

Caro leitor,

Seja bem vindo ao mundo das cordas, madeiras e metais. Aqui você encontrará minhas impressões sobre diversos concertos de música erudita realizados na cidade do Rio de Janeiro. Também compartilhará dos meus devaneios sobre o mundo dos clássicos e algumas dicas de programas, filmes e discos. Só peço a cortesia de fazerem silêncio durante o concerto (e nada de ficar desembrulhando balinhas). Obrigada!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Um trompete ao pé do ouvido

20.IX.2012

A programação de música de câmara do Rio de Janeiro tem um componente muito interessante que é a variedade de locais onde os grupos musicais se apresentam. Nas minhas peregrinações musicais, passo semanalmente por lugares belos e/ou históricos como o Centro Cultural do Banco do Brasil, o Centro Cultural da Justiça Federal, o Outeiro da Glória, o Espaço Tom Jobim no Jardim Botânico, o Parque das Ruínas entre muitos outros. As condições de acústica nem sempre são as mais adequadas, mas o passeio é sempre divertido. Nesta terça-feira, descobri uma nova pérola que é o Centro Cultural do Poder Judiciário no antigo Palácio da Justiça do Estado. Como não entendo nada de arquitetura, vou me limitar a dizer que o prédio é muito bonito, com vitrais variados e jardins internos frescos e agradáveis. O resto, vocês terão que ir lá ver por conta própria!

O que me levou a perambular pelas vias jurídicas do centro da cidade foi uma parceria entre a Escola de Música da UFRJ e o Poder Judiciário em um projeto de formação de plateia para música clássica. Plateia eu já sou, mas não ia perder a oportunidade de ver o Quinteto Art Metal de pertinho. E bota pertinho nisso! A sala com capacidade para cerca de 60 pessoas não tem palco e deixa o público tão perto do músico que dá pra ouvir os mínimos detalhes. Não que isso seja tão necessário quando se trata de dois trompetes, uma tuba, um trombone e uma trompa, claro! Acho até que uns três metros a mais de distância poderiam ser benéficos mas essa proximidade transforma a experiência completamente!

Eu já conhecia o repertório pouco convencional do quinteto graças à minha assiduidade nas suas apresentações mas pude reparar em detalhes que não havia percebido antes. Com a campana virada pra mim, a trompa se destacou e surgiram várias notas que outrora estavam encobertas pelos outros instrumentos. A força do trombone e da tuba foi magnificada mas o som, apesar de intenso, era macio mesmo com a pouca distância, o que eu achei surpreendente e encantador. Delicado não é um adjetivo muitas vezes associado a esses dois instrumentos, mas se aplica perfeitamente no caso do Art Metal. Nesse sentido, o desafio dos trompetes foi maior. Não deve ser mole tocar tentando se controlar para projetar pouco e ainda assim manter a beleza do som. Será que conseguiram? Basta perguntar para as pessoas que aplaudiram de pé o concerto e certamente voltarão a lotar esse espaço (assim como outras apresentações do quinteto se eles derem o endereço correto, hehehe...), tornando esse projeto de parceria um grande sucesso! 

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