Subiu a cortina

Caro leitor,

Seja bem vindo ao mundo das cordas, madeiras e metais. Aqui você encontrará minhas impressões sobre diversos concertos de música erudita realizados na cidade do Rio de Janeiro. Também compartilhará dos meus devaneios sobre o mundo dos clássicos e algumas dicas de programas, filmes e discos. Só peço a cortesia de fazerem silêncio durante o concerto (e nada de ficar desembrulhando balinhas). Obrigada!

domingo, 4 de novembro de 2012

O feliz choro de uma orquestra de solistas

04.IX.2011 O Centro Cultura Justiça Federal ficou pequeno nesta tarde de sol no Rio de Janeiro. A fila da bilheteria fazia curvas no saguão e muitos tiveram que optar por um programa cultural alternativo, pois os ingressos para assistir ao show Brasilidade da OSRJ se esgotaram rapidamente. Para o desespero da Defesa Civil, a sala ficou até superlotada devido a uma falha de comunicação entre a casa e a produção da orquestra, que resultou na venda de um número maior de bilhetes. Overbooking de concerto! Esse vai ficar para a história. Mas o público não quis nem saber e dezenas de homens, mulheres, idosos e crianças ficaram em pé no fundo do salão assistindo muito satisfeitos ao trabalho da mais carioca das orquestras. Às cordas da OSRJ, se juntaram as cordas dos violões, bandolim e cavaquinho do conjunto Época de Ouro. A sonoridade que ecoou pela sala agradou, mas após a entrada do pandeiro mágico do Jorginho do Pandeiro o som atingiu outra dimensão. Esse grupo de veteranos do choro honrou a sua história em uma apresentação não apenas tecnicamente impecável, mas também repleta de elegância, gentileza, bom humor e carisma. Quando as madeiras, os metais e a percussão foram adicionados ao quadro, tornou-se impossível parar de sorrir e dançar. O simpático maestro Rafael de Barros de Castro costurou os dois grupos caprichando no ponto e contando com um repertório irretocável composto por uma peça de autoria própria (um tributo a Jacob do Bandolim) e a Suíte Retratos do mestre Radamés Gnattali. A primeira parte do espetáculo encerrou-se com um feitiço lançado pelo mago do pandeiro sobre o público que tentava acompanhar seu ritmo inigualável batendo palmas e sobre os músicos que levantavam os braços aos céus, davam pulinhos e sorriam largamente mesmo antes da última nota se assentar. Seguir um número desses não deve ser fácil, mas não é nada que possa intimidar Jaime Alem e sua viola caipira. A Suíte Caboclinha transportou o público do centro do Rio para o interior de Minas Gerais deixando até um gostinho de milho verde e café fresco na boca. A orquestra foi mais demandada nesta peça e assumiu lindamente a responsabilidade de dialogar com uma viola tão gabaritada. Algumas notas de Norwegian Woods dos Beatles perdidas no meio da composição quebraram um pouco a viagem pela roça e os trechos cantados do 3º e 4º movimentos são totalmente dispensáveis. Eu substituiria as vozes por instrumentos ou substituiria as vozes para que essas partes não fiquem aquém do resto da obra. Nada disso, contudo, tirou o encanto da tarde que acabou em bolo e cachaça deixando a caboclinha aqui feliz da vida e louca por um repeteco. Pontos de destaque: O Época de Ouro toca na Radio Nacional toda sexta de 17:00 – 19:00h. Vou ter que instalar a minha antena AM. Gostaria de ver mais empresas investindo em grupos como a OSRJ que enriquecem, valorizam e divulgam a cultura brasileira. O concerto de hoje foi gravado e filmado. Eu quero o DVD (ou no mínimo o vídeo no Youtube)!!!

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