Subiu a cortina

Caro leitor,

Seja bem vindo ao mundo das cordas, madeiras e metais. Aqui você encontrará minhas impressões sobre diversos concertos de música erudita realizados na cidade do Rio de Janeiro. Também compartilhará dos meus devaneios sobre o mundo dos clássicos e algumas dicas de programas, filmes e discos. Só peço a cortesia de fazerem silêncio durante o concerto (e nada de ficar desembrulhando balinhas). Obrigada!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Uma ameaça à águia dourada

O mundo da música clássica no Rio de Janeiro tem algumas peculiaridades que eu jamais entenderei. A lista é enorme mas, nas últimas semanas, um assunto de grande preocupação surgiu nas redes sociais e já está "vazando" para a grande mídia: a temporada 2013 do Theatro Municipal está seriamente ameaçada! 

Para quem não está por dentro do assunto, eu explico: o Theatro Municipal do Rio de Janeiro tem três corpos artísticos estáveis compostos por funcionários públicos concursados: o corpo de baile, o coro e a orquestra sinfônica. O último concurso, segundo minhas fontes, ocorreu em 2002 e desde então muitos funcionários se aposentaram, faleceram, ou saíram do Theatro por outros motivos. Os buracos foram sendo preenchidos através de contratos temporários ou contratações esporádicas. Alguns desses prestadores de serviço já estão há quase 10 anos integrando os corpos artísticos, ajudando a criar a identidade da casa que encanta o público a cada récita. 

O problema é que muitos desses contratos temporários acabam agora no final do ano e não podem mais ser renovados, segundo a legislação vigente. A solução seria abrir logo o concurso para preencher as vagas ociosas. No entanto o processo está perdido na burocracia do Estado e até onde eu sei, sem nenhum perspectiva de ser divulgado oficialmente ainda esse ano. Sendo assim, simplesmente não haverá gente suficiente para encenar qualquer espetáculo no ano que vem e o Theatro passará pela maior vergonha dos seus 103 anos de idade. 

A solução oferecida pela presidente da Fundação que administra o Theatro, é contratar "outras" pessoas no lugar dessas que deverão deixar seus cargos em março. Colocando de lado a minha severa aversão por uma mentalidade que valoriza artistas tanto quanto peças de um relógio, que podem ser trocadas sem nenhum comprometimento ao funcionamento do sistema, não vejo essa saída como uma alternativa muito viável. Ou melhor, não seria viável para alguém preocupada com a qualidade dos espetáculos encenados. Afinal, quem souber de músicos, bailarinos e cantores no Rio (precisamos de cerca de 100) com experiência de palco e fosso, que saibam interpretar balé e ópera em um nível digno do mais belo teatro do Brasil, dando sopa por aí, por favor avise! 

Deixo aqui o meu manifesto a favor de um processo mais ágil para liberação desse concurso, vital para a cultura e arte da Cidade Maravilhosa. 

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