Subiu a cortina

Caro leitor,

Seja bem vindo ao mundo das cordas, madeiras e metais. Aqui você encontrará minhas impressões sobre diversos concertos de música erudita realizados na cidade do Rio de Janeiro. Também compartilhará dos meus devaneios sobre o mundo dos clássicos e algumas dicas de programas, filmes e discos. Só peço a cortesia de fazerem silêncio durante o concerto (e nada de ficar desembrulhando balinhas). Obrigada!

domingo, 4 de novembro de 2012

Uma noite allegra com brio

13.XI.2011 A trompa soou sozinha, acima de todos, chamando um despertar. O piano, as madeiras e as cordas a seguiriam, rodopiando em torno daquela sequencia de notas que marca o primeiro movimento do Concerto para piano no. 2 de Brahms. Os olhos do mago Karabitchevsky estavam mais fundos do que de hábito e pareciam querer comandar as mãos do solista Ricardo Castro sobre as teclas, hipnotizando-as em um truque Jedi.
A força dos dois primeiros movimentos pesou sobre o meu peito, pregando-me na cadeira em total estupefação. A subsequente intensidade dramática do andante, que se inicia com um solo de violoncelo, me provocou tamanho espanto que fiquei literalmente boquiaberta durante alguns minutos. Até agora não tenho plena noção da sucessão de sensações que percorreram meu corpo. Lembro apenas de sentir meu rosto reagir ao estímulo que atingia diretamente o meu sistema nervoso central. O Allegretto chegou para aliviar esse estado de paralisia, sem deixar de lado a intensidade de um grande romântico. A minha vontade era de aplaudir loucamente ao final de cada movimento. Para coroar a primeira parte do programa, Ricardo Castro ainda trouxe um belo luar para dentro da grande sala, envolvendo a plateia e a orquestra em um manto negro e aveludado.
Não se dando por satisfeita, a orquestra voltou do intervalo para uma eletrizante e inesquecível performance da Sinfonia no. 8 de Dvorak. Escutando essa obra ao vivo pela segunda vez em pouco mais de um mês (a outra foi na EMUFRJ), fiquei impressionada como as mesmas notas adquirem outra personalidade quando interpretadas por diferentes maestros e músicos. Na versão da OPES, fiquem maravilhada com a vibração das cordas no primeiro movimento e a leveza das madeiras (oboé e flauta principalmente) no segundo. No Allegretto grazioso (descobri que AMO esse andamento), fui levada pela cintura a bailar graciosamente por um lindo salão imaginário no melhor estilo Fred Astaire e Ginger Rogers de ser. Os metais anunciaram o último movimento como se fosse um presságio da energia que estava por vir. A atividade frenética de todos os naipes nesta obra é exaustiva para um pobre cérebro que tenta desesperadamente interpretar aquele excesso de informação sonora. Ainda bem que entre um rompante e outro, Dvorak coloca alguns momentos de calmaria para a gente se recuperar.
Com essa noite encantadora, encerrou-se com chave de ouro a série Djanira da temporada 2011 da Orquestra Petrobras Sinfônica e só falta mais um concerto para os músicos entrarem de férias... E agora José?

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